sábado, 19 de fevereiro de 2011

Um problema também da Abrunheira

Utilizando a palavra mais comum no texto que se segue, "Velhos" sempre morreram em casa sózinhos, mas como não vendia jornais ou revistas, foi passando despercebido. Bastou aparecer um caso com 9 anos (este sim, vende bem) e agora já vai em doze ou treze casos, isto demonstra que todos os dias morriam "velhos" em casa. Mas exactamente sobre este tema recebi um mail que passo a transcrever.

AQUILO QUE NINGUÉM REPARA OU LÊ


Passando a vista por alguma imprensa, depressa percebemos o país que somos, não deixa até de ser curioso, alguns aspectos que vou transcrever.


No Correio da Manhã o colunista João Pereira Coutinho começa a sua coluna A voz da razão com o título Enterrados Vivos. O jornalismo português funciona por modas – e a moda do momento são os velhos que morrem sozinhos em casa.


Morrem sozinhos não: ali ficam cadáveres durante semanas, meses, alguns durante anos.


Mais à frente diz: Os velhos, esses continuarão a tombar sozinhos, como sempre tombaram, e ficarão por responder algumas questões funestas. A maior delas é saber por que raio exigimos à ciência sempre mais – mais tratamentos, mais descobertas, mais longevidade – quando a cultura reinante abomina a velhice e eleva a juventude a patamares obscenos. De que vale vivermos mais numa sociedade onde é um crime viver demais?


Sem responder a este paradoxo, não vale de muito verter baba e ranho pelos velhos que apodrecem no chão da cozinha e ali ficam por enterrar. Até porque eles, muito antes da morte, já estavam devidamente enterrados. No Facebook alguém comentou assim: Nem mais, a sociedade está dividida em períodos de tempo limitados: A juventude e a juventude. A velhice finge-se nos salões de baile da junta e nos Hospitais distritais. Os novos agradecem o apoio.


Na revista TV MAIS, Hernâni de Carvalho diz: Inquéritos há muitos. Os inquéritos do costume já estão anunciados (PGR, IGAI, Segurança Social. (Depois do que acabo de ler apetece-me perguntar? Será que vamos saber os resultados? Ou como de costume a culpa vai morrer solteira?) A mesma revista diz que a esperança média de vida em Portugal são os 79 anos (o 6º país mais envelhecido do mundo), mas muitos vivem sós sem condições de dignidade e sem a atenção de quem quer que seja. Os números tratados pelo INE dizem que Portugal tem 1,9 milhões de pessoas com mais de 65 anos. Destes mais de 20% vive só.


Também do quinzenário Correio de Sintra diz no seu editorial: Isolamento da terceira idade: Indiferença e/ou negligência? Abreviando retiro só isto: Vivemos numa sociedade individualista, numa sociedade que se rege por valores de produção, de rentabilidade, de consumismo, o que inevitavelmente remete para uma máxima que se aplicava à materialidade e hoje se aplica à humanidade: “ o que não serve deita-se fora”. O paradigma alterou-se: a sociedade contemporânea deixou de considerar os idosos como fonte de sabedoria passando a encará-los como um fardo. Quer estejam institucionalizados em lares, quer estejam no recanto das suas casas, sofrem do mais degradante sentimento humano – a solidão. Perante a indiferença de todos nós e a negligência de um estado que se quer social.


A.Bento

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